Entrevista do Serguei Tcheriômin, chefe do Departamento de Relações Económicas Externas e Internacionais da cidade de Moscovo, à revista "Diálogo: Portugal-Rússia" Sabemos que operam em Moscovo bastantes empresas não só europeias, mas das mais diversas regiões do mundo. Gostaríamos de saber se essas empresas foram seriamente afetadas pela crise económica ou se a atividade empresarial se manteve estável?
A capital não sofreu qualquer saída significativa de investidores estrangeiros do mercado. Pelo contrário, muitos investidores e parceiros estrangeiros da Alemanha, Áustria, Itália, Israel, França, Finlândia e de muitos outros países deram entretanto início a projetos ambiciosos e delinearam planos de investimento igualmente ambiciosos para os próximos anos.
A crise é um fenómeno contraditório. Como resultado do enfraquecimento da moeda nacional, Moscovo conseguiu obter vantagens competitivas adicionais em relação às principais cidades do planeta e, consequentemente, reduzir os custos necessários para a implementação de negócios. Em termos práticos e objetivos, isso levou a um aumento do potencial de retorno dos investimentos. Em muito tipo de gastos feitos na moeda nacional, Moscovo é atualmente uma das cidades mais atrativas do mundo.
Os custos com infraestrutura, mão-de-obra e arrendamento de instalações diminuíram significativamente quando convertidos ao dólar. Segundo estimativas de peritos, nos primeiros seis meses de 2015, os custos do negócio em Moscovo, comparativamente com os do primeiro semestre de 2o14. diminuíram entre 25 a 35%, dependendo do setor. As vantagens estão à vista.
Poderia enumerar-nos algumas das medidas específicas tomadas, ou previstas, pelas autoridades municipais com objetivo de aumentar a atratividade da cidade aos olhos do investidor estrangeiro?
A administração de Moscovo tem vindo a melhorar sucessivamente o clima para o investimento. Só nos últimos tempos, por exemplo, foi simplificado o procedimento de registo de empresas e de direitos de propriedade, o pedido de ligação à rede elétrica e foi reduzido o tempo necessário para a obtenção de licenças no setor da construção. As empresas criadas já em 2o16 que atendam aos critérios desenvolvidos em conjunto entre a administração de Moscovo e a comunidade empresarial podem receber apoios municipais em forma de pacote de benefícios fiscais, nomeadamente:
|
Aqueles que desejem participar no desenvolvimento socioeconómico de Moscovo têm agora a possibilidade de escolher o objeto de investimento e de realizar o planeamento a longo prazo, o que também garante uma taxa de retorno de capital atrativa. Não nos podemos esquecer que estamos a falar de valores a uma escala comparável à atividade produtora de países europeus de pequenas, e por vezes até mesmo de médias, dimensões: Moscovo assimila anualmente um bilião e meio de rublos em investimentos.
Em que áreas específicas é que se sente mais falta de investimento estrangeiro em Moscovo?
A administração de Moscovo está a implementar o chamado Programa de Investimento Direcionado, que prevê o desenvolvimento da redes de transporte e de todo o tipo de infraestruturas desde instalações elétricas a canalizações sanitárias. Continuamos a ampliar a rede de metro, a abrir novas estradas, a deslocar os centros da atividade empresarial para lá das fronteiras da cidade velha, a aumentar o conforto do ambiente urbano.
Moscovo concentra esforços na melhoria da infra-estratura do transporte urbano. Pela escala de construção de estradas, Moscovo ocupa hoje a terceira posição a nível mundial, ficando só atrás de Hong Kong e Pequim (segundo o rating da PricewaterhouseCoopers).
Os planos para os próximos 4 anos incluem a construção de cerca de 4oo km de estradas. Entre 2o11 e 2o14 foram construídos mais de 3o km de novas linhas de metro e abertas 14 novas estações. Para os próximos 3 anos temos previsto o alargamento em mais 6o km da já imensa rede do metropolitano de Moscovo, a abertura de mais 35 estações e a criação de 6 novos terminais para as composições dos comboios. As antigas zonas industriais estão a ganhar novo estatuto e nova vida e, desse modo, a tornarem-se atraentes pontos de crescimento económico.
Tudo isso gere, aos olhos dos parceiros estrangeiros, terreno fértil para investimentos em larga escala e a longo prazo, terreno para cofinanciamento de projetos concretos, para fornecimento de equipamentos e materiais de construção, para a prestação de vários serviços. As condições favoráveis criadas pelo específico aprimoramento da legislação russa visam estabelecer um regime o mais favorável possível à atuação dos investidores estrangeiros e afirmar a reputação de Moscovo como parceira de confiança.
Como vê o futuro de Moscovo dentro de, digamos, dois ou três anos?
Os nossos planos são tão ambiciosos como a nossa imensa metrópole. A administração de Moscovo dedica uma atenção especial à melhoria da infraestrutura de transportes. Nos próximos três anos serão construídos em Moscovo mais de 25o km de estradas. Prevemos a abertura de 36 novas estações de metro entre 2o16 e 2o18 e, já que se falou de transportes, até 2018, 100% da rededos autocarros municipais estará adaptada ao transporte de passageiros com mobilidade reduzida ou limitada.
Gostaria ainda de mencionar o seguinte megaprojeto: o início do funcionamento do renovado Pequeno Anel Ferroviário de Moscovo (MK MJD na sigla russa) está previsto para 2016-2017. O MK MJD é uma linha ferroviária circular, projetada para efetuar o transporte de mercadorias entre as 1o principais linhas ferroviárias da capital. O Pequeno Anel MJD terá 17 pontos de cruzamentos com as linhas de metro e 9 com as principais linhas dos caminhos-de-ferro que partem da capital, bem como com as estradas já existentes e em construção, o que permitirá reestruturar uma área de 1o 8oo hectares, na sua maioria, antigas zonas industriais.
Entre os projetos prioritários para o aumento do conforto do ambiente urbano, um lugar de destaque ocupa o projeto do parque "Zaryadye", baseado nos princípios do urbanismo paisagístico. No âmbito desse projeto serão recriadas no centro da cidade, mesmo ao lado do Kremlin, na margem do rio Moskva, quatro zonas paisagísticas típicas da Rússia: a paisagem do Norte, a estepe, a floresta e prados, com os respetivos regimes de temperatura e flora. Vai também surgir uma zona ribeirinha com acesso direto ao rio e uma nova casa da filarmónica, com capacidade para 15oo espetadores.
A nossa metrópole irá manter o desenvolvimento económico e social com uma dinâmica positiva. Não há outra forma de fazer as coisas. Deixe-me dar apenas um exemplo: em Moscovo nascem anualmente mais de 13o mil crianças, que é 2 vezes mais do que as que nasciam no pico mínimo do declínio demográfico da década de 1990. Isto significa que precisamos de pensar já hoje em nova habitação, creches, jardins de infância, clínicas, escolas, faculdades e novos postos de trabalho.
“A nossa metrópole irá manter o desenvolvimento económico e social com uma dinâmica positiva. Não há outra forma de fazer as coisas. Deixe-me dar apenas um exemplo: em Moscovo nascem anualmente mais de 130 mil crianças, que é 2 vezes mais do que as que nasciam no pico mínimo do declínio demográfico da década de 1990”.
Resumindo, ao longo dos próximos dois anos, Moscovo vai continuar a ganhar traço de uma metrópole moderna e confortável, que proporciona um elevado padrão de qualidade de vida e gere oportunidades reais para negócios que dão certo.